sábado, 30 de janeiro de 2010

Filme: Preciosa.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Esses dias eu assisti um drama produzido por: Lee Daniels, Gary Magness e Sarah Siegel-Magness, o título traduzido é “Preciosa”. Pois é, trata-se de uma história, que imagino ser totalmente comum. Muita gente feia reunida, que estão inseridas, à margem do sistema econômico e social vigente. O filme conta a história de uma adolescente negra, gorda, violentada pelo pai e abusada pela mãe. Como se pudesse ficar pior, ela também é pobre, humilhada na escola, e teve uma primeira filha com síndrome de down, fruto do estupro que seu próprio pai a submeteu. Posteriormente, ela engravida novamente de seu pai, e tem um filho “normal”... Tá! Mas, a meu ver, esse tanto de características “negativas” que relatei sobre a protagonista do filme, não é o que gritou aos meus olhos, como um primeiro plano, em uma tela. O que me fez ter um orgasmo e aplaudir com os olhos, foi a forma retratada na história, com que a adolescente criava uma válvula de escape para sua amarga vida. Ela, toda vez que precisava enfrentar um fato ou evento, que a trouxesse algum tipo de sofrimento, se imagina como uma estrela, uma artista venerada por todos. Ela, assim como deus, criava um mundo com seus personagens, suas marionetes, seus desejos, suas ilusões de perfeição. Este mundo, no qual ela se via algumas vezes como uma loira linda, era perfeitamente real na sua mente. E esse delírio estabelecido em seus pensamentos, funcionava como uma droga viciante, que a cada vez exigia mais dela. Uma vez que, ao fugir mentalmente, ela se inseria em um mundo imaculado, mas, sempre, era despertada por golpes brutais, que a faziam desejar ficar mais e mais tempo no mundo idealizado.
Daí, por inércia, realizei algumas simplórias (admito) comparações com o que vejo nesse mundo de pés e cabeças, no qual estamos em percepção. A idealização de um estereótipo de fatos e físico, por vezes, nos faz criar outra idealização, filha da primeira, na qual nos encaixemos na ditadura da mãe. Já desisti de me questionar o “por que” disso, pois cada área do conhecimento alega alguma resposta pertinente; e, todas juntas, se aproximam do que acredito ser a resposta deste “por que”. Mas, “para quê” criarmos mais mundos individuais? Penso que, o mundo em que vivemos externamente é reflexo daquele que alimentamos internamente. Uma vez que, cada um, no auge da sua fragilidade, cria um mundo particular seu, no qual ele é a estrela mais brilhante, que chega a ofuscar seus semelhantes, não é exatamente isso que vemos no nosso mundo comum e externo? A soma de cada mundo individual, egóico e interno é isso aí, esse mundo que nos desperta, como a protagonista do filme, de modo bruto e cruel.

 
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