sexta-feira, 25 de junho de 2010

Nem Copa, Nem Cozinha...

sexta-feira, 25 de junho de 2010
E após muito se falar sobre a Copa. Resolvi falar sobre a Cozinha. É que ontem fui cortar umas batatas e acabei cortando a mão. Respirei fundo, e calmamente despertei o meu lado, quase morto ou recém-nascido, de cirurgiã. Isso mesmo. Sem pestanejar peguei o pedaço da pele que tentou, inutilmente, se libertar de mim, e recoloquei-o em seu devido lugar. A minha agilidade até me espantou. Antes mesmo de o sangue aparecer, a pele lá estava, encaixadinha. Coladinha. Segundos depois, o sangue subiu tentando arruinar o meu repentino ato cirúrgico. “Vermelho tolo, você não é pálio para mim”. É claro que, toda inchada e orgulhosa de mim, mostrei a cola do retalho para o Ciço. Fui até condecorada... Mas, “de repente, não mais que de repente”, quando vou dar a conferida referente ao minuto presente (até rimou)... Para o meu espanto, o lacre havia sido violado. A tampa levantada. A ferida aberta. É! “E agora José?”. O fato é que “não sei se fico, não sei se passo”. Não vou saber mais viver enquanto não optar entre arrancar a pele velha e deixar que a outra nasça, ou tentar, mais uma vez, a cirurgia arriscada, a famosa “operação tapa buraco”... Compreendem?
Não há como e nem porque de, eu continuar a respirar se a urgência da resposta não for sanada. Ferida aberta, é frágil, dói, mas é potencialmente a vida se aperfeiçoando, se obrigando a nascer outra vez.
No entanto, o que eu faço com minha urgência? Com esta sede desértica que se satisfaz com a ilusão da pele velha? Pele esta, que é aparentemente viva, mas potencialmente morta... E o que Sou, além disto?
Chega nestas horas madrugais, que não quero dormir, mas o sono me vence, é que assumo meu real tom de voz. Só me escuto no silêncio. Leia-se, meu silêncio. Por isso adoro esse ar hermético madrugal, a espreita da manhã. Compreende?
Não faz Sentido?
O Sentido sou eu.
O Sentido é você quem lê. 
 
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