sexta-feira, 9 de julho de 2010

Filme: Ensaio Sobre a Cegueira

sexta-feira, 9 de julho de 2010
[Dica de filme para quem está de férias...]

[Resuminho básico]
O filme, baseado no livro do eterno Saramago, narra a história de uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira que atinge inesperadamente uma localidade. Nomeada de “cegueira branca”, com se as pessoas atingidas vissem, em tempo integral, apenas uma imagem branca.
A doença surge em um homem, e aos poucos, se espalha por todo o território.
À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar, as pessoas cegas passam a lutar por suas necessidades básicas, submetendo-se ao seu estado selvagem, dominadas por seus instintos primários.
Nesta situação, a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico, que com um grupo de internos, almeja encontrar a humanidade perdida.

[Brincando de comentar]
Após assistir ao filme, milhões de indagações me vieram à tona. É aquele tipo de filme que você se envolve, e automaticamente lhe surgem um turbilhão de pensamentos, acerca do que foi apresentado.
Cada dia mais o nosso sistema socioeconômico têm gerado uma sociedade escravizada pelos olhos. É senso comum que a visão tornou-se a senhora dos outros sentidos.
Em um cenário econômico, é fácil perceber como os olhos alicerçam, por exemplo, algumas das maiores indústrias da atualidade: o que seria do marketing atual, se de repente todos não pudessem mais ver? E da indústria cinematográfica? Onde se encaixaria a indústria da Moda?
Em linhas grossas, se nos fosse retirado apenas um dos nossos sentidos sensoriais, provavelmente o Sistema vigente sofreria um colapso, e precisaria ser rapidamente reestruturado, pois se não, estaria fadado a extirpar-se.
No entanto, a economia é apenas um reflexo de como o posicionamento humano é frágil. Diante da Cegueira comum o estado caótico é instaurado. O filme consegue ilustrar perfeitamente como o homem, ser racional, se entrega rapidamente ao desespero, e regride ao estado selvagem de outrora, quando lhe é retirado apenas um dos seus sentidos sensoriais.
Assistir ao filme despertou em mim a reflexão de que, se um mero pilar da estrutura que move a organização humana cair, conseqüentemente todo o edifício pomposo atual, vai também ao chão. Assim, no mínimo estamos nos debruçando em um pilar equivocado.
Então percebo que, a fragilidade humana não se encontra em um sentido sensorial esgotado como mostrado no filme, mas, sim em pessoas esgotadas diante do nosso Sistema.
Torna-se necessário uma inversão dos valores ditados, em prol da busca pelo eterno: uma vez que o individuo está fadado a morte, junto com seus sentidos, mas a humanidade, o coletivo, não.
Torna-se urgente a captação da essência e não apenas do que é palpável e sensorial.

Faço minhas as palavras de Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe:
 “O essencial é invisível aos olhos”.

[Trailer abaixo]

[Faça uma pipoquinha e Bom filme]

 
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