quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O elo invisível

quinta-feira, 28 de outubro de 2010
E, quando menos esperava, o reflexo do espelho demonstrava o meu tarô. Ali, meio deixado de lado, coberto por um lenço de seda.
As cartas refletidas me indagavam mais do que qualquer pergunta que eu as pudesse fazer. Finalmente nosso elo tomava cor.
Acontece que a ultima vez que ousei tocar e ler estas cartas, a morte foi revelada ao consulente. E este, de fato, em seguida, faleceu. Depois disto, um silêncio entre eu e o tarô, foi-nos outorgado...
Até que hoje, o espelho nos serviu de ponte. Mal me movi, com receio de espantar este momento. Presa pelo fascínio e pelo medo. Fixando aquelas cartas mais antigas do que eu. Aquele baralho secular, vazio de sentidos, e ao mesmo tempo transbordante de significados. Sim. Mais uma vez, o tarô me convidou a desvendá-lo, e, eu aceitei.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Diálogo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010
_ Há-há-há. Desconfio que esta sua cara de mistério seja para aliviar a sua pobreza.
_ Mas, tudo que quero é um ombro largo, para que possa encostar minha cabeça, e ter um daqueles pesados sonhos, que se baba. Isso. Quero um ombro para poder babar nele. Qual o problema?
_Que nojo. Também, o que eu poderia esperar de alguém que mal sabe fazer as unhas?!
_ Sinto muito.
_ Por que está pedindo desculpas?
_ Só estou dizendo que sinto muito.
_ Ai não vai começar outra vez? Estou perdendo a paciência. A sua sorte é que é pobre e nada tem. Me causa dó.
_ Não. Eu tenho coisas, ah isso eu tenho. Um quarto, seios, livros, franja no cabelo, alguns papéis...
_ Chega!
_ Sinto muito.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mulher e Fases

sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Que as mulheres me entendam...
Acontece que sou tomada por fases. E me sinto leve como pluma e amo-me além da vaidade. E, então me despenco ao meu formato de vácuo, murcha, ansiosa e incompreendida.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Praça

segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Foi de manhã. Em praça pública. Sem pudor das chuvas que despencariam dos meus olhos. E quando ele disse, parte de mim foi enterrada ali. Chorei amargamente em meu velório. Sem direito a coroa de flores. 
Meus restos prosseguiram e em praça pública, se aliançaram, mais uma vez, ao causador daquelas enchentes dos meus olhos de outrora... 
É temeroso. Perigoso. Mas, o que não é?
O meu instante agora é composto por fragmentos do que se foi e do que será.
Sem maiores explicações e razões, o corte lateral da realidade que vejo, às vezes me apavora. Esta praça pública, na qual estou sentada agora a escrever, é o meu refúgio e incoerentemente o inimigo que, sem piedade mexe em minhas feridas. Faz-me ruínas e dá-me repouso. Faz-me vítima e assassina.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Escrever

segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Mas desconfio que todo esse Blog é realizado meramente para aliviar a pobreza de respostas, pois quase não as tenho.
O que exponho aqui é dramático? É teatro? Novela? Literatura? Sei lá.
O caso é que estou dependente da escrita. Se não escrevo, não vivo.


 
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