domingo, 26 de dezembro de 2010

Flores sobre o túmulo

domingo, 26 de dezembro de 2010
Gosto de alguns velhos hábitos, recheados de minúsculos gestos, e, de vestes surradas que me permitam algum conforto. Não sei ser senão o que sou, com algum acréscimo, incômodo, de máscaras que enfeitam o presépio natalino.


Está chovendo e o céu azul. E se ganha presentes e se dá presentes, e as ruas fedem a carne requentada. Carne cozida, assada, frita, picada, inteira, triturada... Os fiéis se assam e se comem, ritual selvagem.


E as pessoas morrem. Sinto muito, mas se vive e se morre. No natal ou no não-natal. E se chora. E se pega qualquer um pra cristo. E aliviam-se as palavras não-ditas com sorrisos vazios e com remédios. Rápido. Pragmático.


A necessidade de gostar. A necessidade da necessidade. Do mesmo modo, o desejo de particularizar Deus. Deus humanizado, aniversariante, convenientemente considerado justo. Não Deus. 


Sair à Rua. Assistir pessoas. Fora isso, segredo. Anotar as sensações das sombras...


Flores sobre o túmulo.


Multidão de pés. Imaginar as vozes dos rostos e o que os fariam gritar. 
Deixar existir também o silêncio. O único silêncio.


Aonde leva a loucura, a loucura.
Retornar ao corpo.


E é domingo. A madrugada velada. O enterro do sábado. 


É domingo e chove e ontem o coração dele parou...


Mas é domingo e ele não ressurgiu.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

(In)Certezas

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Raspar os cabelos. Andar nua ou em pano de saco. 
Exteriorizar a morte de certezas de outrora.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Momentos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Isso. Vou fechar os olhos, cruzar os dedos, fazer figa, pemba, escrever o nome na boca do sapo, mandinga. Vou pedir pro papai Noel, pra tal fada azul, pro gênio da lâmpada.
 Por Deus, que alguém me ouça! Enquanto isso vou viver de momentos?



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ser ou Estar?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
De modo que, repentinamente, deixo de questionar o que sou e passo a me indagar o quando.
 Isso mesmo.
 Sou isto aqui? Ou apenas estou assim?



segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quieta

segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Ficar às vezes quieta.
Quase não pensar.
Tocar com as pontas dos dedos.
Totalmente sentir.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Idealismo

quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Em nome de nada, é a hora de viver.
Sem nenhum ideal.


Mas, isso já não é um idealismo?



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O elo invisível

quinta-feira, 28 de outubro de 2010
E, quando menos esperava, o reflexo do espelho demonstrava o meu tarô. Ali, meio deixado de lado, coberto por um lenço de seda.
As cartas refletidas me indagavam mais do que qualquer pergunta que eu as pudesse fazer. Finalmente nosso elo tomava cor.
Acontece que a ultima vez que ousei tocar e ler estas cartas, a morte foi revelada ao consulente. E este, de fato, em seguida, faleceu. Depois disto, um silêncio entre eu e o tarô, foi-nos outorgado...
Até que hoje, o espelho nos serviu de ponte. Mal me movi, com receio de espantar este momento. Presa pelo fascínio e pelo medo. Fixando aquelas cartas mais antigas do que eu. Aquele baralho secular, vazio de sentidos, e ao mesmo tempo transbordante de significados. Sim. Mais uma vez, o tarô me convidou a desvendá-lo, e, eu aceitei.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Diálogo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010
_ Há-há-há. Desconfio que esta sua cara de mistério seja para aliviar a sua pobreza.
_ Mas, tudo que quero é um ombro largo, para que possa encostar minha cabeça, e ter um daqueles pesados sonhos, que se baba. Isso. Quero um ombro para poder babar nele. Qual o problema?
_Que nojo. Também, o que eu poderia esperar de alguém que mal sabe fazer as unhas?!
_ Sinto muito.
_ Por que está pedindo desculpas?
_ Só estou dizendo que sinto muito.
_ Ai não vai começar outra vez? Estou perdendo a paciência. A sua sorte é que é pobre e nada tem. Me causa dó.
_ Não. Eu tenho coisas, ah isso eu tenho. Um quarto, seios, livros, franja no cabelo, alguns papéis...
_ Chega!
_ Sinto muito.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mulher e Fases

sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Que as mulheres me entendam...
Acontece que sou tomada por fases. E me sinto leve como pluma e amo-me além da vaidade. E, então me despenco ao meu formato de vácuo, murcha, ansiosa e incompreendida.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Praça

segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Foi de manhã. Em praça pública. Sem pudor das chuvas que despencariam dos meus olhos. E quando ele disse, parte de mim foi enterrada ali. Chorei amargamente em meu velório. Sem direito a coroa de flores. 
Meus restos prosseguiram e em praça pública, se aliançaram, mais uma vez, ao causador daquelas enchentes dos meus olhos de outrora... 
É temeroso. Perigoso. Mas, o que não é?
O meu instante agora é composto por fragmentos do que se foi e do que será.
Sem maiores explicações e razões, o corte lateral da realidade que vejo, às vezes me apavora. Esta praça pública, na qual estou sentada agora a escrever, é o meu refúgio e incoerentemente o inimigo que, sem piedade mexe em minhas feridas. Faz-me ruínas e dá-me repouso. Faz-me vítima e assassina.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Escrever

segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Mas desconfio que todo esse Blog é realizado meramente para aliviar a pobreza de respostas, pois quase não as tenho.
O que exponho aqui é dramático? É teatro? Novela? Literatura? Sei lá.
O caso é que estou dependente da escrita. Se não escrevo, não vivo.


quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quem sou

quinta-feira, 30 de setembro de 2010


Sou um fato? Um dado estatístico? Um número? Uma formiga na multidão? Uma parte? Uma peça? Sou uma idade? Uma profissão? Sou uma poesia? Individual? Um? Coletivo? Todo? Sou uma folha em meio à correnteza? Uma gota que insiste em ser folha? 

(sem respostas.)





quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Se esta rua fosse minha

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Se esta rua fosse minha,
eu a inundaria de cores...


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Uma mochila

sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Isso. Uma mochila que suporte o peso dos meus vazios. É disto que eu preciso. Uma mochila que comporte uma câmera fotográfica, um caderno, um lápis, uma tesoura para recortar a franja, um moletom surrado, um par de luvas, algumas músicas, leite condensado e meu tarô. Exatamente isto: uma mochila que me caiba. E, caiba também o que não sou. É que não posso abrir mão do que não sou e não fui , pois é muito maior do que posso imaginar ser.


domingo, 19 de setembro de 2010

Papel e Alma

domingo, 19 de setembro de 2010
E quando ele estava prestes a ir, como última súplica para fazê-lo ficar, comecei a rasgar, desprezando todo o esforço, quase sobrenatural, os escritos que vinha fazendo. E, tudo que eu tinha escrito era misturado com o segredo. Não tinha dito a ninguém, vivia aqueles escritos sozinha, como se na verdade, eu estivesse me escrevendo, em oferenda a ele. Mesmo assim, ele se foi... Restaram-me papéis picados. Parte de mim foi estraçalhada ali. Em papel e Alma.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Confissão

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


Decidi confessar uma coisa. Assim que eu disser, terminarei este post, e é provável que eu nem leia os possíveis comentários. Vou considerar como página virada, morta, matada. 
É que tem dias que adoro brincar de mentir. E, se imaginam que me conhecem, eu não sou nada disso. 
Sou uma autêntica invenção.



Coração

...E o coração dela é tão grande que deseja abraçar o mundo,
E tão pequeno que não cabe ninguém ...





segunda-feira, 13 de setembro de 2010

- - -

segunda-feira, 13 de setembro de 2010
In
    Const
               ante

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ir

sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Se meu copo se encher e se esvaziar mais uma vez, pode ser que nunca mais conseguirei retornar. 
Às vezes a covardia se vê obrigada a se tornar coragem, por intermédio de elementos externos.
Uma coisa que alimenta a minha covardia por mais incoerente que possa parecer, é a visão irreversível da liberdade. Uma vez livre não mais terei as grades de ferro como alicerce para o teto da minha gaiola.
A gaiola é a segurança, é a certeza de não estar só, uma vez que haja alguém que me prendeu. (Ainda que tal alguém já se tenha ido).
E é o caminho sem volta, sem teto, sem grades que me amedronta, pois sei que, é eminente e possível. Há possibilidades para minha genuína coragem.
Enquanto ainda consigo, ou tento, explicar a minha covardia é sinal que a coragem se enfraquece, e estarei pedindo para manter-me presa. Mas, se o garçom não olhar nos meus olhos, não recusarei o próximo copo, e em silêncio, sem explicar, eu vou...


domingo, 5 de setembro de 2010

Mudez

domingo, 5 de setembro de 2010
Existem certas coisas que nunca direi. Nem em cartas. Nem em artes. Muito menos em Blogs. Não falarei a absolutamente a ninguém no Universo. Não direi nem sequer a mim. É que tenho a sensação de que respiro alguns segredos...
No entanto, acho que eu ainda não entenderia estes mistérios mentalmente.
O jeito é continuar muda e respirando. 




quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Estranho

quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Um sentimento estranho.
A serenidade que outrora me embriagava, como por abdução extirpou-se.
O convergente divergiu-se.
A lua perdeu espaço para outros pontos brilhantes.
Por vezes, o sonho sente-se intimidado.
Mas, é forte.
Vivo.
Talvez, por isso sangre tanto. 





sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ser você para saber quem sou

sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Por um dia apenas, eu queria ter os seus olhos...
Longe de mim, querer decifrar-te ou resumir-te ao ponto de chegar à compreensão. Mas, é que habitar teu corpo, sentir teu sangue, morder com teus dentes e perceber com teus olhos, incoerentemente, faria com que eu me tornasse mais eu.





quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A chuva

quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Acontece que sinto falta das chuvas. Não. Não me refiro às chuvas internas de outrora, que me doíam, como se eu fosse a responsável por dar à luz a toda humanidade. Sinto saudades é da chuva que respinga na janela, que faz subir um cheiro de terra, que arrepia alguns cabelos e me faz sentir viva. Isso mesmo. A chuva me faz viva, assim como a grama da minha casa, que se torna de um intenso verde, com um mero sinal das águas do céu...







quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Idéia.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010
E o que há entre eu e você? 
Uma idéia.
Dou-lhe um pensamento, e, de alguma forma se estabelece um relacionamento. Impressionante. Basta uma idéia para nos unir e nos causar necessidade. Se digo: estou morrendo, é imediato! Ou, se digo: escovo meus dentes várias vezes, já basta! Provoquei a vida entre nós. Não há mais jeito. Já nos relacionamos. 



terça-feira, 24 de agosto de 2010

Entre

terça-feira, 24 de agosto de 2010
Entre o disparo e o acertar do tiro. Entre o ir para cama e o acordar. Entre o cortar das unhas. Entre o brotar da semente. Entre o cozimento do arroz. Entre as questões da prova. Entre o que fui e o que vou ser. Entre. Enquanto há tempo. Entre. Enquanto cabe. Entre. Não peça licença. Apenas Entre. Meramente Entre. Entre. Entre a entrada e a saída. Entre.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O caso do Chiclete

segunda-feira, 23 de agosto de 2010
É claro que minhas lembranças de infância são coloridas e enfeitadas com meu tom de voz atual. Mesmo assim eu vou contar.
Eu devia ter em torno de cinco anos, e minha irmã sete. Talvez, por medo de eu me engasgar, minha mãe só me comprava balas enormes e macias, mas o que eu queria mesmo era um chiclete.


A bala era boa. Até hoje eu a contemplo. Mas, é efêmera por demais. Ainda mais para mim que vou logo mastigando freneticamente. Já a goma de mascar, era uma espécie de bala eterna, como se fosse exatamente o meu contraponto. Tão fugaz que sou.


E aí, certo dia, minha irmã ganhou um chiclete, e o guardou em sua gaveta.


 “A oportunidade faz o ladrão”.


 Não. Eu não roubei. Eu juro que a minha idéia era mascá-lo, um pouco, e, logo devolvê-lo. Ela nem perceberia. E assim eu fiz. 


Mas, não sei como (Risos) ela percebeu.
Até hoje o caso é narrado por aqui.



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Elas são todas iguais...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Lá está ela, um ponto no Universo.
Ela, ajeitando-se como se fosse sair e se olhando no espelho.

Lá estão cinqüenta mil destas meninas, olhando-se, como se fossem únicas e percebendo seus detalhes.

Lá está ela, agora sentada, iniciando um texto, começando de novo, rabiscando, procurando palavras.

Lá estão cinqüenta mil delas, ansiosas por escrever, para desabafarem o aperto do amor.

Do outro lado da linha, a amiga se certifica: você está quietinha aí? Chamada ela se levanta com dificuldade, perdida entre sonhos.

E então, cinqüenta mil meninas se ligam, e no mesmo instante vão se erguendo, chorosas em meio a devaneios...

(Uma não vê a outra, que não vê a outra, e assim ciclicamente...)

Até que ela, após suspirar afirma: Pensei que ele era diferente, mas eles são todos iguais.

E, como em um coral ensaiado, o Universo escuta uma só voz, de cinqüenta mil meninas juntas choramingando: Eles são todos iguais. 


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Muito e Pouco. Máximo e Mínimo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Confesso que quando ele se foi, qualquer piscar de olhos dele em minha direção, já era o bastante. Era precioso. Muito. 
É que até o mínimo é máximo para alguém que, repentinamente, se viu prestes a falecer. Frente a frente com o não-amor.
Naquele instante, embora almejasse pelo muito, só suportava o menos (e aos poucos)...




quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A menina que roubava Flores

quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Por Deus, como adoro flores.
Que me condenem. Que me obriguem a escutar horas de sermão ecológico, mas eu não sei apreciar somente com os olhos. Preciso sentir. Encostar com a ponta dos dedos, tocar com a alma. 
Sim. Peço licença, mas, arranco. Isso mesmo. 
Confesso. Não resisto, eu roubo flores. 



terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alucinação?

terça-feira, 17 de agosto de 2010
E sabe aquela sensação de chegar perto, aproximar-se?
Quase tocar. Mas, sentir um vulto ligeiro a passar atrás de si e roubar-te o que nunca foi seu... Aí, restam-lhe apenas a intocável memória, e, saudade, do que não aconteceu.
Alucinação?

domingo, 15 de agosto de 2010

Palavras

domingo, 15 de agosto de 2010
Às vezes acho um saco escrever, porque se eu toco desprevenidamente em certas palavras, automaticamente se desencadeiam milhares de outras, que tenho aversão.


Letra puxa letra, que se transforma em palavra, que puxa palavra.
E, palavra puxa sentimento que puxa sentimento. Ai meu Deus... Nisso eu não quero pensar.
É que dói. Dói muito.


sábado, 14 de agosto de 2010

Crer

sábado, 14 de agosto de 2010
E a senha secreta é: CRER






Eu creio logo existo
e também desisto.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sorrir?!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010
[Encontrei esta imagem por aí... Foi paixão à primeira, à segunda, à terceira e à enésima vista. Minha cachola instantaneamente foi devorada, ou devoradora, de numerosas reflexões. Reflexões estas, que englobam as várias áreas, do que nós chamamos de, ser humano. ]


[Acho que hoje eu não comprei o meu suporte de sorrisos. Não sei se estão creditando ocultamente da minha conta bancária, mas, o caso é que ando com um sorriso frouxo, prestes a explodir em crise... Explosão hilária. Motivos? Talvez a falta destes...]

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Inconstância

segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Eu não gosto dessa minha inconstância pendular. Dessas oscilações efêmeras. Fico perdida. Acho que é por isso que minhas mãos estão sempre trêmulas, apesar de eu conseguir alcançar detalhes precisos com o pincel. Sou um desequilíbrio. Presencio topos e abismos em segundos. Uma dilacerante dualidade. Eu não gosto.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Papai Noel existe

quinta-feira, 5 de agosto de 2010












O passado antes de nascer era agora.
O agora é, portanto, uma máquina de criar passado. Mas, quem cria o agora? 
Este "quem" será que existe?
Hum... Já sei!
Agora é presente. Quem cria presente é ajudante de Papai Noel. 
Que ninguém se engane, Papai Noel existe. Nunca o vi, mas, ele existe. Sei de muita coisa sem ter visto. 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Choro do Palhaço

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que um dia foram meras gotas na janela, transformaram-se em dilúvio...
Era ele pela rua, adentrando à noite escura. O pior era o temor de ver seu reflexo em uma poça formada na avenida. Ali sem abrigo. O Universo o expelia, o Universo o expeliu para o seu universo particular...
Mas, ele não cabe no formato universal.
Era extenso demais.
Sua roupa colorida, com listras descombinantes, cheia de babados assimétricos está ensopada. A peruca cacheada, que já estava desgastada, agora se encontrava com cabelos escorridos e certamente mofarão com essa excessiva umidade.
Na rua alagada ele só vê pés, não ousaria levantar a cabeça e deixar que vissem que sua maquiagem se borrou. A boca perfeitamente desenhada de outrora era agora um borrão branco sujo. Precisou tirar o nariz de plástico vermelho, porque com tanta água no seu rosto não podia respirar só pela boca.
Pelas esquinas ele se impunha, torcendo ser hoje o dia que um carro não paralisasse seu motor e o acertasse. Mas, não havia carro que não o notasse.
Era grande demais.
Então ele só queria sua casa, as roupas chamativas e empapadas o incomodavam.
Era ele a alegria feroz de varias pessoas. A felicidade demoníaca daqueles que cabem perfeitamente no formato Universal, era ele.
O Palhaço Triste só queria a sua casa.
Andava sem rumo, ruas e ruas, cruzamentos e cruzamentos, mais se arrastava do que andava. Parar que era perigoso. Se parasse, poderiam notar que seu sapato engraxado e lustrado, não mais tinha solado, e seus pés estavam gastos.
Da sua desmedida desolação ele só queria que fosse disfarçado.
Alguém, na calmaria quente e seca de uma marquise, disse em meio a risadas explosivas: Que coragem, hein, palhaço! Mas, não era coragem, era o temor. O escuro. A chuva. O medo. Ele não se encaixava no universal.
Era vasto demais.
A verdade, sem pudor, é que o gerador de risadas, tinha chorado. Constantemente, chorado.





domingo, 1 de agosto de 2010

Deixar ir

domingo, 1 de agosto de 2010
Do que eu preciso me libertar?



quinta-feira, 29 de julho de 2010

Reprodução x Extermínio

quinta-feira, 29 de julho de 2010
E há quem se reproduz... E há quem se extermina...


quarta-feira, 28 de julho de 2010

Criei Deus?

quarta-feira, 28 de julho de 2010
...E de fato a morte existe. Ou no mínimo, precisamos conviver com o apodrecimento deste corpo. Sinto muito, mas, se apodrece. E, não há maior conforto do que se criar Deus. Eternizar a vida através da invenção do Além, do por vir, do “continue” do Super Nintendo.


Mas nessa história de se inventar alívios foi-se longe demais.


É que no instante que crio Deus, tenho de me projetar como criatura. Mas, se crio Deus, sou criadora. Narradora-personagem (onisciente, onipresente, onipotente). Tenho de criar até as ferramentas que legitimarão meu Deus. É algo grande demais. E, ao mesmo tempo, tenho de me reduzir ao ponto de nada saber, de não compreender o que se passa, mas, entregar o “que não sei”, toda a minha escuridão a Deus. E, de Mãe de Deus, tornar-me filha Dele. 
Isso tudo é heresia? Talvez.


_Mas, Deus... Tende respeito pela minha imaginação! Trata-se de heresia poética. Tão literária como a bíblia, de que o Senhor entende bem.





terça-feira, 27 de julho de 2010

Filme: Sr. Ninguém (Mr. Nobody)

terça-feira, 27 de julho de 2010
[Resuminho Básico]

Em um futuro não muito distante, Nemo Nobody (Jared Leto) tem 120 anos de idade e é o último mortal a conviver com as pessoas imortais. Durante esse período, ele relembra os seus anos reais e imaginários.

[Brincando de comentar]

É uma história sobre possibilidades e como nossas vidas podem ser modificadas caso uma escolha seja diferente. Mas, comentar qualquer coisa sobre o enredo de Mr. Nobody é estragar a completa surpresa que ele traz. Tanto, que não me arrisco a expressar tudo o que esse filme me presenteou. É um dos melhores filmes que já vi. Se eu pudesse distribuía cópias para todos.
Muito muito bom! Tanto que vou deixar o Torrent para vocês, caso queiram baixar:


[Espero que vejam. É o tipo de filme que preciso compartilhar, se não sufoco...hihihi]

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Evolução

segunda-feira, 26 de julho de 2010
Se eu acredito em evolução?
Do mais, pode vir o menos. E, do menos, pode vir o mais?
O que vejo, toco, sinto é uma diminuição do tudo, e não uma ampliação do nada.








[Concorda? Discorda? Pode dar seu grito... Puxa a cadeira, senta aí...Vamos conversar...]

domingo, 25 de julho de 2010

Singularidades Comuns

domingo, 25 de julho de 2010
Apesar de ser totalmente comum.
Sou ímpar.
Sem sinônimos. Sem antônimos.
Qualitativa e Singular.
Você também.



sábado, 24 de julho de 2010

O cheiro do Nariz

sábado, 24 de julho de 2010
E qual é o cheiro que tem dentro do seu nariz?


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Desabafo. Não há aspirina que resolva.

sexta-feira, 23 de julho de 2010



[...E tem hora que pensar dói! Mas, "sentir" dói mais ainda. E, não há aspirina que resolva...]

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eqüidade divina?!

quinta-feira, 22 de julho de 2010
Não. Recuso-me a sequer tentar conceber, a idéia de um Deus a gratificar e a castigar, o objeto criado por Ele.



terça-feira, 20 de julho de 2010

Imitação

terça-feira, 20 de julho de 2010
...E quando imitamos a nós mesmos, como é que se chama?



segunda-feira, 19 de julho de 2010

Coisa de Gente

segunda-feira, 19 de julho de 2010
Gente. Assim, pois, eu.
Gente. Gente. Gente. Gente. Gente. Gente. Gente. Gente. Gente. Gente.
Quanto mais repito, o sentido se apaga, até onde ainda não alcanço.
Gente. Gentes. Gente? Gente! Gentes? Gentes!
Tento, com esforço, reconstituir o significado da palavra. Mas, as letras g-e-n-t-e, se tornam gente, e, grandes demais. Mal posso mensurar.
As letras não-letras, que agora gentes são, por algum motivo, necessitam se isolar do dicionário para que possam refletir, pensar e até sentir.
Coisa de gente.
Então, “gente” por um instante de isolamento, deixa de existir como “gente” e só assim noto a existência de “gente”. Da mesma forma que só se notam algumas coisas, na ausência destas.
Coisa de gente.
E findo o raciocínio, como se nada fizesse sentido, assim como “gente”. Muito confuso. Mas, a essa altura já me habituei.
Gente que sou.

domingo, 18 de julho de 2010

Dúvida Fatal e Final

domingo, 18 de julho de 2010
Como será que irei morrer? De tiro? De doença? De velhice? 
Ai que mistério. Será que vou ter fim trágico? O que me espera? 
Até posso escutar uma música de suspense a embalar estes questionamentos.
Quanto mais eu vivo, mais perto da morte vou ficando...
E agora?
O que eu faço com o tempo que me resta?
Será que antes de morrer a gente se oferece a alguém?
A quem dedicarei meus instantes finais?
A quem entregarei meu passo no escuro?
Já vou pensar no assunto, acho um saco testes e provas surpresas...



sexta-feira, 16 de julho de 2010

Seus Olhos

sexta-feira, 16 de julho de 2010
Seus olhos passeiam por entre olhos
Olhos distintos
Olhos desconhecidos
Olhos vazios
Olhos berrantes, gritantes, estonteantes.
Seus olhos procuram o que não sei.
Encaram incertezas,
Bailam com pessoas.
Pudera seus olhos, olhares meus olhos,
Exclusivamente desvendar meus olhos
Beijar apenas meus olhos.
Meus olhos seguem teus olhos
Meu olhar enamorou-se pelos teus.
Ai quem me dera ter olhos de holofote,
Ou pedaço de céu nos olhos,
Para que teus olhos,
Percebam os meus.



(Esta poesia virou um Blues tocado e cantado por um negão de tirar o chapéu...hihi)





sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Prisão Livre

sexta-feira, 9 de julho de 2010
E de repente a corda que me prendia foi cortada, como se estivessem me obrigando a ser livre. Até que ponto a liberdade pode ser imposta?
Senti-me como um pássaro, domesticado e acostumado a viver engaiolado, que de repente percebe que a gaiola está com a porta aberta, mas nem por isso, sai voando. E por que voaria? Talvez voasse por impulso de conhecer a prisão existente lá fora da gaiola. Sim! Prisão disfarçada de liberdade... Mas pra quê?
Alguém por acaso me perguntou se eu desejava que cortassem a corda? Não me questionaram se eu queria ser livre... E, quer saber?! Não quero.
Eu agüento muita coisa só para não ser livre.
Liberdade me dá sensação de um grande nada em potencia de ser um tudo. Mas, é um nada.
Ah! Eu não sou tão desapegada a ponto de ser livre...
Cortaram a Corda. E daí?! “Daqui eu não saio e daqui ninguém me tira”.
Talvez se eu não me mover, talvez se eu ficar bem quietinha, nem dê pra notar que a corda está cortada...


Filme: Ensaio Sobre a Cegueira

[Dica de filme para quem está de férias...]

[Resuminho básico]
O filme, baseado no livro do eterno Saramago, narra a história de uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira que atinge inesperadamente uma localidade. Nomeada de “cegueira branca”, com se as pessoas atingidas vissem, em tempo integral, apenas uma imagem branca.
A doença surge em um homem, e aos poucos, se espalha por todo o território.
À medida que os afetados são colocados em quarentena e os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar, as pessoas cegas passam a lutar por suas necessidades básicas, submetendo-se ao seu estado selvagem, dominadas por seus instintos primários.
Nesta situação, a única pessoa que ainda consegue enxergar é a mulher de um médico, que com um grupo de internos, almeja encontrar a humanidade perdida.

[Brincando de comentar]
Após assistir ao filme, milhões de indagações me vieram à tona. É aquele tipo de filme que você se envolve, e automaticamente lhe surgem um turbilhão de pensamentos, acerca do que foi apresentado.
Cada dia mais o nosso sistema socioeconômico têm gerado uma sociedade escravizada pelos olhos. É senso comum que a visão tornou-se a senhora dos outros sentidos.
Em um cenário econômico, é fácil perceber como os olhos alicerçam, por exemplo, algumas das maiores indústrias da atualidade: o que seria do marketing atual, se de repente todos não pudessem mais ver? E da indústria cinematográfica? Onde se encaixaria a indústria da Moda?
Em linhas grossas, se nos fosse retirado apenas um dos nossos sentidos sensoriais, provavelmente o Sistema vigente sofreria um colapso, e precisaria ser rapidamente reestruturado, pois se não, estaria fadado a extirpar-se.
No entanto, a economia é apenas um reflexo de como o posicionamento humano é frágil. Diante da Cegueira comum o estado caótico é instaurado. O filme consegue ilustrar perfeitamente como o homem, ser racional, se entrega rapidamente ao desespero, e regride ao estado selvagem de outrora, quando lhe é retirado apenas um dos seus sentidos sensoriais.
Assistir ao filme despertou em mim a reflexão de que, se um mero pilar da estrutura que move a organização humana cair, conseqüentemente todo o edifício pomposo atual, vai também ao chão. Assim, no mínimo estamos nos debruçando em um pilar equivocado.
Então percebo que, a fragilidade humana não se encontra em um sentido sensorial esgotado como mostrado no filme, mas, sim em pessoas esgotadas diante do nosso Sistema.
Torna-se necessário uma inversão dos valores ditados, em prol da busca pelo eterno: uma vez que o individuo está fadado a morte, junto com seus sentidos, mas a humanidade, o coletivo, não.
Torna-se urgente a captação da essência e não apenas do que é palpável e sensorial.

Faço minhas as palavras de Antoine de Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe:
 “O essencial é invisível aos olhos”.

[Trailer abaixo]

[Faça uma pipoquinha e Bom filme]

 
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