domingo, 31 de janeiro de 2010

Voltar...

domingo, 31 de janeiro de 2010
Quem nunca quis voltar no tempo? Seja para reviver uma cena perfeita, ou para conhecer o mistério das construções piramidais do Egito. Seja para rir novamente de caras e bocas, ou para sentir outra vez. Voltar... Para encher o copo e esvaziá-lo novamente ou deixar de ter ido pra ter ficado ao lado de alguém. Quem nunca quis voltar, só para buscar um objeto que esqueceu, ou pra dar mais um mergulho no mar. Voltar... Desejo totalmente comum... Voltar, para impedir que o fogo queime. Voltar para ouvir o som de uma gaita outra vez. Voltar pra cama em vez de acordar no frio da manhã. Voltar para impedir um assalto ou pra sentir um perfume outra vez... Voltar para ter dito o que se calou ou para calar o que foi dito. Quem nunca quis voltar?Voltar para ver mais verde e respirar ar puro, ou para conhecer alguém que já partiu. Voltar o tempo, para conhecer épocas, vestir roupas pomposas, e também recordar como era a barriga da nossa mãe. Ou voltar, dividir um cálice de vinho, misturado com cachaça, ao lado de Jesus, e apontar o dedo pra Judas. Voltar e estudar para aquela prova. Quem nunca quis voltar?
Totalmente comum o anseio pela volta, talvez pelo simples fato de ser algo inalcançável. O que nos torna impotentes, e, portanto, com a sutil sensação de inércia. Como se não houvesse nada a ser feito, além de encostar a cabeça no travesseiro e dormir, e no outro dia, acordar, e cumprir o ciclo cotidiano. Nããããão! Há muito o que ser feito sim! Se pudéssemos simplesmente voltar, talvez não avançaríamos tanto...Por vezes, é justamente, a possibilidade da volta, que nos acomoda.
Daí, eu me lembro do clássico filme Efeito Borboleta de Eric Bress e J. Mackye Gruber, no qual se teve como inspiração a teoria do caos. No filme, Evan (Ashton Kutcher) é um jovem que deseja esquecer eventos de sua infância. Para tanto ele resolve realizar uma regressão onde volta também fisicamente ao seu corpo de criança, tendo condições de modificar seu próprio passado. No entanto, ao tentar consertar seus antigos problemas ele termina por criar novos, já que toda mudança que realiza gera conseqüências em seu futuro. A cada volta que Evan realiza, uma irregularidade é criada, até ele perceber que a perfeição muitas vezes faz morada justamente na imperfeição.
Então, penso, será a impossibilidade da volta uma dádiva ou um castigo?
 
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