Eu ainda me espanto com o assassinato dos contos de fadas. Passa-se uma vida inteira na elaboração de cada detalhe mágico, ai vem uma senhorinha de muito mau humor, que se apelida de “realidade”, e se sente no direito de matar a sangue frio a inspiração pura, e o brilho dos meus olhos. Ela tenta não deixar rastros, sai tampando qualquer prova que esteve por ali. Desmorona castelos. Transforma risos em rugas. Varinha de Condão em armas pesadas e más. Ela encharca minha noite de chuvas que só correm no meu rosto, e aperta meu peito até quase sufocar. Faz abismos nos meus olhos e seqüestra a esperança...
No entanto, de repente, eis que brota uma semente, que há muito engoli sem imaginar o que viria...
Nasce um pé de calmaria, salpicado de fadinhas, que me sopram aos ouvidos...
Seja você e você mesma, e não se assuste ao perceber que o encanto renasceu...