O meu grito interno está tão habituado a se externalizar, em escritos tão explícitos, que ando recolhendo-me, por pudor de estar vos invadindo com tanto “eu”. Grito interno externalizado e explicitado, sim, no entanto embriagado de mistérios. Mistérios que se tornam aberturas a possíveis ou prováveis devaneios vossos, que até podem ser insalubres, maldosos e sem piedade. É! Ao tornar em palavras o “Grito” torna-se material poroso. E vai se dissipando, até o que era um grito meu, se transformar em algo seu. Sim! Meu suspiro particular e interno, agora é material seu. Mesmo assim não me invadirei ao ponto de lhe invadir e recolher o que foi meu. Ao contrário, meu mistério transcende as letras agrupadas, e possui um sentido secreto. Secreto, incompleto, nu e mudo. É um silêncio. Uma indagação.