Retiro-me rapidamente. Envolvo-me em um casulo e encolho-me para o abrigo dentro de mim. Tomada por medo. Aquele temor de outrora, que já confessei, das passadas noites encharcadas de dor e chuva. A escuridão. A imensa vontade de dormir. A falta de sono.
Quantas vezes precisarei reviver o sofrimento do punhal em minhas costas? O lado amargo e oculto que sem piedade me dilacerou? E escutar o maldito silêncio derramando-se, de dentro, como sangue...?
Sinto medo do próprio medo, que como escudo, transformou-me em jardim fechado. Isolou-me. Fez-me vagar noites úmidas, perdida. Que tola fui.
Até que explodo em risos, uma espécie de alivio, ao sentir derramar-se no meu âmago a renúncia. Mas, não estou apta a impedir que a angústia palpite por minhas veias. Mais do que angustia, é a vontade do amor crescente.
Ainda sinto o amor doce em meu peito.
Cada vez mais tudo era passado.
Cada vez mais deixo o passado ir.