Certa noite eu tive mais um daqueles sonhos, que são extremamente lúcidos. Foi bem delineado. Quando eu me vi, eu não era eu. Era outra. Foi aí que batizei minha pseudônima, que me obriga a escrever. Quem agora você lê, por enquanto, ainda é tímida e nem sequer se apresentou.
À medida que minha pseudônima me permitir, vou saindo do escuro que me identifica. Mas, é que esta, que me obriga a escrever, é um sonho que grita e se debate por viver. Quem sou eu para impedi-la? Afinal, eu morrerei, ela não. Quem nunca nasceu não pode morrer. Todos nós fomos condenados a prosseguir pelo corredor que nos levará a morte, ela não. Será que sou deusa criadora da minha pseudônima? Ou sou mãe dela? Ou será que sou pseudônima dela? Ou será que ela sou eu?
E se eu esquecê-la? É assassinato ou suicídio? Não. Nada disso. Esqueci que ela não morre.
Até que lidar com minha pseudônima é matéria fácil. O problema que me tira o sono é outro. Sou extensa e não tenho dicas de como me percorrer. Sou extensa, mas, fragmentada. Às vezes alimento toda a gula do meu ser, e há hoje que até água me recuso a beber. É que tenho preguiça de “ser”, há horas que só quero “estar”. Imóvel. Invisível. Intocável. Aí a pseudônima se ocupa do meu papel. Já até ensinei-a a sorrir. Enquanto isso, eu mal mal respiro.
[Qual o problema de às vezes eu me permitir dizer?]
[Video leitura do nascimento da minha pseudônima]