Mas nessa história de se inventar alívios foi-se longe demais.
É que no instante que crio Deus, tenho de me projetar como criatura. Mas, se crio Deus, sou criadora. Narradora-personagem (onisciente, onipresente, onipotente). Tenho de criar até as ferramentas que legitimarão meu Deus. É algo grande demais. E, ao mesmo tempo, tenho de me reduzir ao ponto de nada saber, de não compreender o que se passa, mas, entregar o “que não sei”, toda a minha escuridão a Deus. E, de Mãe de Deus, tornar-me filha Dele.
Isso tudo é heresia? Talvez.
_Mas, Deus... Tende respeito pela minha imaginação! Trata-se de heresia poética. Tão literária como a bíblia, de que o Senhor entende bem.