quinta-feira, 17 de junho de 2010

O parto dos meus Sisos

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ontem enfrentei a famosa cirurgia de extração de sisos. A idéia era retirar os 4 de uma vez, no entanto, um siso deu um pouquinho mais de dificuldade para a dentista. Não sei explicar o que houve, só conseguia me concentrar em não abrir os olhos. Não posso ver sangue. Em outra vida devo ter sido uma vampira má e morta com uma estaca no peito, só pode. E, ontem me excedi, nem vi a vermelhidão apavorante e minha pressão arterial já se intimidou. Resultado: As vozes ficaram distantes e distantes, e tudo girando aceleradamente. Extraí apenas dois dentinhos... E, já estou sentindo um vazio bocal e existencial. Quando, finalmente encarei os sisos arrancados eles me olharam com aqueles olhões de cachorro sem dono. Meus olhos até se encheram d’água. Senti-me aquelas mães que enfrentam arduamente os meses de gestação, e quando o filho nasce simplesmente o abandonam. Quase quase que eu chovi ali mesmo. Eu não chovi em consideração a dentista quem fez o parto dos meus sisos. Aliás, esta parteira de dentes merece minha gentil saudação e agradecimentos. Eu poderia facilmente classificá-la como uma pessoa boa, mas acho que talvez seja a sintonia com o mundo. Senti-me como se ela tivesse o mundo internamente. Penso que todos os seres são dotados de uma esfera universal, única, insubstituível. E há pessoas que conseguem alcançar este universo, quando se encontram em harmonia com o que fazem e são, cotidianamente. Estes indivíduos harmônicos com suas realizações tocam facilmente o reflexo do universo, dos que estão ao seu redor. Desculpem o tom talvez hermético, risos, este é fruto de uma mescla de gratidão, dor, incomodo, alivio, desconforto, silencio, milhões de pensamentos e dope de um coquetel de remédios... Como quase tudo, isso também vai passar...

 
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